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funcionamento

COMO FUNCIONA uma feira?

Por serem de diversos tipos e tamanhos e não terem periodicidade necessariamente estabelecida, as feiras de economia criativa e consumo consciente podem acontecer nos mais diferentes locais, pequenos ou grandes, públicos ou privados. A organização da feira começa aí: na definição de onde acontecerá o evento.

 

Quando o local escolhido é um espaço privado, a negociação é mais simples, dependendo de locações ou parcerias. Quando o local é público, no caso da cidade de São Paulo, a realização da feira depende da autorização de uma série de órgãos ligados à prefeitura, entre eles a respectiva subprefeitura, o Departamento de Gestão de Eventos – associado à Companhia de Engenharia de Tráfego –, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento, o Departamento de Controle e Uso de Imóveis – este associado à Secretaria de Habitação –, entre outros, dependendo das especificidades do evento.

 

Carlos Valle, organizador da Feira Las Plantas, conta que a escolha do local depende de alguns fatores: “Planejamos um espaço adequado e que esteja em consonância com o número de expositores, bem como com a nossa capacidade de organizar o evento”. Além disso, segundo ele, o espaço deve ter um bom acesso aos transportes públicos e estar próximo do público que se busca atingir.   

 

Em paralelo a essa tomada de decisão, ocorrem outras tarefas. Uma delas é a abertura de inscrições e, posteriormente, a seleção dos produtores que participarão do mercado. No caso da Feira Las Plantas, a triagem dos expositores busca sempre diversidade e inovação. Além disso, almeja-se um equilíbrio entre produtores já conhecidos e inéditos. “Geralmente metade dos expositores que chamamos é do nosso contato e já participou da feira. A outra metade é composta de projetos novos”, explica Carlos. A curadoria da Feira Jardim Secreto funciona mais ou menos da mesma maneira. Uma cota dos expositores é composta dos chamados “residentes” e o restante dos novos e variados projetos.  

 

Por fim, para fazer os mercados e bazares acontecerem, são necessários a contratação de serviços e o aluguel de estrutura física. Ainda que o cenário varie de feira para feira, Dani Cor, cofundadora da Fair&Sale conta que pode fazer parte desse conjunto estrutural uma série de elementos, entre eles: mesas para os expositores, tendas de cobertura para as mesas – no caso de feiras ao ar livre –, bancos e pallets, mesas e cadeiras para área de alimentação, gerador e material elétrico, banheiros químicos e itens de comunicação visual, como placas e banners. Em relação aos serviços contratados, é comum notar a presença de uma equipe de organização ou produção, fotografia, segurança (terceirizada ou não) e primeiros-socorros.

 

Para que tudo fique pronto a tempo de os primeiros visitantes chegarem – as feiras costumam ter início pela manhã, por volta das 10 horas –, a montagem começa cedo. No caso da Fair&Sale, a montagem das estruturas e equipamentos começa às 6 horas da manhã. Às 8 horas, os expositores começam a chegar para ajeitar suas barracas e às 10 horas tudo deve estar pronto. Veja como é a montagem de uma feira:

OS ELEMENTOS DE UMA FEIRA

Passe o mouse sobre as fotos e conheça os elementos básicos que fazem as feiras acontecerem.

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estrutura física

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expositores

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público

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organização

música

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lazer

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comida

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fotógrafo

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segurança

Imagens de edições da Fair&Sale na Praça Cidade de Milão e na Avenida Sabiá, ambas em Moema.

Da esquerda para a direita:

estrutura física – engloba desde barracas e material elétrico até mesas para os produtores e para o público e banners e placas que apresentam o evento;

expositores e público – além de infraestrutura, são necessários expositores e público – cada produtor arruma a barraca de acordo com seu gosto e o público comparece para desfrutar, seja das possibilidade de consumo, seja de lazer;

organização – uma equipe para coordenar a montagem e orientar os produtores e os visitantes é essencial;

música e lazer – para tornar o evento mais descontraído são importantes bandas, duplas musicais, DJs, oficinas e workshops: na imagem, oficina da marca de kombucha Lievitata;

comida – nas feiras, além de barracas que vendem produtos como geleias, pimentas e compotas, há os food trucks, que oferecem desde os clássicos hambúrgueres até opções diferenciadas;

fotógrafo – uma equipe de fotografia está sempre presente para cobrir o evento e registrar momentos tanto dos produtores como do público;

segurança – por vezes terceirizada, por vezes pública, é importante haver um equipe de segurança pronta para dar apoio em qualquer situação emergencial.  

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Fair&Sale na Praça Cidade de Milão.

QUANTO
CUSTA PARA
PARTICIPAR?

Para participar dos bazares e mercados, além de possuir uma marca e produtos que se encaixem nos ideais do evento, é preciso pagar uma taxa de inscrição, arrecadada para cobrir os valores equivalentes ao trabalho de organização da feira e à estrutura necessária. Renato Tizzi, sócio fundador da Fêra Féra, conta como esse número é calculado: “Somamos o valor total da produção ao valor do justo pelo nosso pré-trabalho e então dividimos pelo número de expositores participantes”. No valor total da produção estão inclusos os custos referentes à locação de espaço e de mesas, contratação da banda e produção, comunicação, produção gráfica, limpeza e segurança. Apesar de todos esses gastos, Tizzi explica que a premissa do evento é cobrar dos expositores sempre o menor valor possível. “Afinal, nosso principal pilar é apoiar o pequeno produtor e servir de plataforma para que novas ideias e projetos ganhem forma”.

 

Tal valor de inscrição, porém, varia bastante de feira para feira, por diversos motivos, como tamanho do evento, quantidade de expositores, tipo de local a ser reservado, estrutura técnica, atividades de lazer e existência ou não de parcerias. Além disso, há feiras que cobram apenas porcentagem sobre as vendas pela participação e outras que cobram as duas taxas por edição. No gráfico abaixo, veja qual o valor médio cobrado por algumas das feiras.

quanto custa
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*Valor equivalente a dois dias de feira. *¹Valor equivalente a um dia de feira. *²Valor equivalente a dois ou três dias de feira, dependendo da edição.

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Fêra Féra – Edição Debutante no B_arco Centro Cultural, em Pinheiros.

relação com a cidade

AS FEIRAS

e a relação com a cidade

A Feira Jardim Secreto no bairro do Bixiga 

Uma das principais feiras do momento, a Jardim Secreto foi criada em 2013 pela designer Claudia Kievel e pela estilista Gladys Tchoport. Na época, ambas possuíam projetos parecidos, que misturavam bazar e festa, e viram que seria interessante criar, juntas, algo do zero. Assim nasceu a Jardim Secreto, que teve sua primeira edição em um estúdio de design com 15 expositores.

O nome da feira teve como inspiração o filme homônimo de Agnieszka Holland, de 1993, mas também representava um dos primeiros objetivos da dupla: descobrir os jardins escondidos por São Paulo e ocupar a cidade. De 2013 para cá, a feira passou por diversos espaços – entre eles o Museu da Imagem e do Som (MIS), onde aconteceram várias edições –, mas foi em abril de 2016 que o evento encontrou um jardim para ficar: a praça Dom Orione, no Bixiga. A primeira edição no bairro aconteceu em parceria com o Festival Garageira e trouxe, de cara, 120 expositores. “Depois que fizemos a primeira edição lá, nunca mais quisemos ir embora”, conta Claudia. Desde então, a feira tem crescido bastante. Atualmente, participam de cada edição cerca de 200 expositores; os food trucks, que antes ocupavam a base da Escadaria do Bixiga, hoje ficam estacionados ao longo da Rua Fortaleza, que contorna um dos lados da praça, e o pé da escada fica reservado para oficinas e debates.

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Segundo Claudia Kievel, hoje o foco maior da feira “é o pequeno produtor, o artesanato brasileiro, a cultura e a sustentabilidade”. foto: André Seiti

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Foi assim que se estabeleceu, aos poucos, uma relação mais profunda com o bairro das cantinas italianas, do samba paulista e dos teatros. Hoje, Claudia e Gladys comandam também a Casa Jardim Secreto – uma mistura de loja colaborativa, café e espaço de formação –, também no Bixiga. Elas contam que a relação com o entorno nem sempre é fácil: “Em um momento, o Bixiga pode ser muito acolhedor e, no outro, te repelir. A gente romantiza muito os vínculos sociais, como eles devem acontecer e seguir. Na prática, é tudo mais complexo e variável”. Para elas, porém, o cenário é de aprendizagem: “Aprendemos muito com quem conhecemos por aqui. Sentimos que o público que mora no bairro ou que já o frequenta há muito tempo vem crescendo cada vez mais. Eles vêm se aproximando da Casa com curiosidade e vontade de entender mais. É nesse momento que criamos um laço”.

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Por essa relação tão próxima e ativa com o Bixiga, a dupla é, vez ou outra, apontada como um elemento gentrificador no bairro, ou seja, que altera as dinâmicas locais, valorizando a região e provocando o aumento dos custos de bens e serviços. Tais mudanças no bairro provocariam tanto a transformação do espaço geográfico quanto a da população, que acabaria por ser gradativamente substituída por um perfil comercial ou por grupos sociais mais ricos.

 

Sobre a questão, Claudia explica que, da parte delas, há muita pesquisa e reflexão. “Nosso objetivo é claro, sem entrelinhas ou intenções obscuras. Estamos aqui porque acreditamos em uma cidade mais humana, mais diversa e mais coletiva. No caminho em busca disso o importante é seguir com atenção para não errar e ser fiel ao nosso sonho”. Para elas, os agentes gentrificadores são as construtoras e incorporadoras – responsáveis por identificar oportunidades de mercado e por coordenar toda a concepção do empreendimento a ser construído –, que olham para as regiões da cidade visando apenas ao lucro. “Isso acaba com a cidade e com projetos como o nosso. A ideia é somar e não subtrair.”

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A PRAÇA
DOM ORIONE

Desde sua 12ª edição, a Feira Jardim Secreto tem como espécie de sede a Praça Dom Orione, localizada no coração do Bixiga. Cercada pelas ruas Treze de Maio, Rui Barbosa e Fortaleza, a praça acolhe um dos principais pontos turísticos do bairro – a Escadaria do Bixiga – e fica a passos de algumas das mais famosas cantinas italianas que por si só já atraem grande público a esse reduto boêmio da cidade de São Paulo.

 

A praça foi assim nomeada em homenagem ao sacerdote católico italiano Luigi Orione, responsável por diversas ações no bairro paulistano e em outros pontos do país. Enquanto a cada dois meses a praça é ocupada pelos expositores e visitantes da Feira Jardim Secretoaos domingos ela abriga a tradicional Feira de Antiguidades do Bixiga, que acontece semanalmente há mais de 30 anos.

 

Abaixo, fotografia tirada do alto da Escadaria do Bixiga, que revela como era a vista em 1954, quando a Praça Dom Orione não existia. Clique na seta à direita para ver como é o panorama hoje. Acesse o blog Quando a Cidade Era Mais Gentil – fonte do retrato de 1954 – e conheça mais sobre a história da praça.​

Observe o mapa e a galeria abaixo e veja como a Feira Jardim Secreto costuma se organizar na praça Dom Orione e em seus arredores.

O número nas fotos corresponde à sua localização no mapa à direita: 1. barracas que contornam a praça; 2. barracas pelos caminhos dentro da praça; 3. barraca de informações; 4. coreto Carmelo Taverna; 5. playground e bancos; 6. food trucks;

7. Escadaria do Bixiga; 8. praça anexa à Dom Orione.

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